O Departamento Científico do IEPP escolheu como temática de estudo deste ano “Reticências do Tempo…”. Durante 2013, nossas atividades estarão enfocando os diversos vértices deste tema que muito nos enfeitiça. Esperamos poder rememorar, repetir, discutir e elaborar inúmeras dúvidas, contando com a sua participação.
Para instigar o pensamento, abaixo um texto construído pela colega Iara Wiehe:
A concepção comum de tempo é indicada por intervalos ou períodos de duração, cuja unidade básica é o segundo. E isso permite a ordenação de presente, passado e futuro.
No sentido estrito, tempo é um intervalo entre dois pontos, o início e o fim. Mas psiquicamente falando, onde começa um e termina o outro? Nascer e morrer, por exemplo, quando de fato inicia um ou acaba o outro? Quanto tempo precisamos para reconhecer o nascimento de alguém? E para elaborarmos a morte de outro? E isso se dá plenamente? Quanto tempo dura a felicidade? E a dor?
Estamos falando do tempo de elaboração. Podemos expandir isso para vários tipos de nascimentos e de mortes ao longo da vida. Passamos por vários períodos e os classificamos em presente, passado e futuro. O presente é efêmero. É a experiência emocional em si. Vivemos, predominantemente, entre a memória do tempo que passou e a fantasia sobre o tempo que virá. Num, tentando retê-lo o mais possível; noutro, buscando, onipotentemente, prevê-lo e controlá-lo, antecipando-o em nossas mentes.
A memória não é fidedigna, a fantasia tampouco. A tentativa de apreensão do tempo é vã e repleta de interferências. A sensação de que as vivências passadas pertencem a um tempo perfeito é tão falsa e ingênua quanto as ilusões sobre o futuro. Aqui memória e fantasia se mesclam confusamente. Modelam o espremido presente e nos fazem questionar o tempo todo: quanto tempo o tempo tem?
Bom ano para todos nós!
Departamento Científico