Ser psicólogo “O que motiva uma pessoa escolher uma profissão que a deixe presa em uma sala a vida toda e, ainda, só ouvindo os problemas dos outros?” Essa ingênua pergunta não é capaz de alcançar o que significa ser psicólogo.
Nossa profissão pode ser equiparada a uma árvore. Ela tem um tronco comum, que é buscar conhecer a alma humana. Além disso, há inúmeras formas de exercício profissional e ramificações teóricas que se entrelaçam, como galhos, e que têm ritmos e formas diferentes de desenvolvimento. A consistência que a profissão e o profissional que a exerce terá, irá depender do quanto suas raizes estão alicerçadas na ética e na ciência.
Mas de onde vêm a luz perene que essa planta necessita para sobreviver? Acredito que o verdadeiro sentido desse ofício venha da fotossíntese emocional decorrente do encontro com o humano.
Muitas vezes o trabalho clínico, por exemplo, pode parecer que se dá em uma sala fechada e aprisionante. Mas, ao contrário, esta pode ser uma janela aberta para o mundo: interno e externo. Pode ser a fresta por onde passa o sol que ilumina e abastece os que ali estão: sementes férteis almejando virem a ser si mesmas. Um lugar para a verdade emergir, ser compartilhada e suportada. Um lugar aonde o que há de mais humano pode brotar. A cada encontro, uma transformação- como disse o psicanalista Bion.
O árduo percurso na busca pelo conhecimento da alma humana só é possível se passarmos pelo conhecimento de nós mesmos
Contudo, o almejado encontro consigo e com o outro não é nada fácil. Como um ofuscante feixe de luz que impacta a escuridão da nossa solidão, a perturbação causada por esse encontro emocional é paradoxal. Ao mesmo tempo que nos atrai e fascina, nos assusta, provoca medo e defesa. “Mas então…o quê mesmo motiva uma pessoa escolher ser psicólogo?” Existe essa resposta?
Certamente, para exercer essa profissão, gostar da natureza humana é preciso, conseguir ser humano, também é preciso!
Feliz dia do psicólogo! • Em homenagem ao dia do psicólogo, o IEPP PRESENTEOU COM UMA PLANTA A CADA UM DE SEUS SÓCIOS, simbolicamente.
Iara Wiehe, psicanalista pela SPPA, docente e supervisora do IEPP.