Em 25 de maio de 2020, mais um triste episódio mobilizou a humanidade. O assassinato do cidadão afro-americano, George Floyd, pelo policial branco, Derek Chauvin. Uma morte brutal, que denuncia o grave conflito racial que existe desde os tempos da era colonial e escravocrata. No Brasil, durante três ou quatro séculos, as pessoas negras foram tratadas como mercadorias e construíram as riquezas sem ter acesso a elas. Este sério e complexo problema social, também se faz presente nas estatísticas atuais, em que 75% dos mortos pela polícia, são negros. Outra grave evidência, encontra-se em muitos escalões da hierarquia social; poucos conseguem avançar e atingir espaços de poder. Nas mídias, a todo instante, há manifestações de repúdio e menosprezo a vidas que sofrem com ataques, determinados por sua cor. No entanto, a resistência destas pessoas existe, com lutas políticas de diversas organizações do movimento negro, mesmo com tantas ações que visam o extermínio desse povo.
O crescimento da intolerância nas sociedades tem se ampliado no mundo pelas formas mais tradicionais, como no racismo, xenofobia, homofobia, intolerância social e religiosa. Em ‘O tabu da virgindade’, Freud cunhou a expressão, ‘narcisismo das pequenas diferenças’, referindo-se ao trabalho anterior do antropólogo britânico, Ernest Crawley, que referia que reservamos nossas emoções mais virulentas (agressão, ódio, inveja), àqueles que mais nos ameaçam, quando eles nos lembram nossas semelhanças, muito mais que para aqueles que temos pouco em comum. Através da ‘Teoria do Narcisismo’, Freud discute os mecanismos de segregação cultural, para explicar como os seres humanos que vivem em sociedades, têm propensão para agressão contra o outro. Isto ocorre mediante a um mecanismo que estigmatiza o outro com pequenas diferenças, o que provoca a segregação e alienação de pessoas ou grupos. Assim, o racismo pode ser pensado como um modelo deste processo para se entender outras formas de intolerância.
Sem a pretensão de ampliarmos esta discussão, manifestamos nossa posição contra qualquer discriminação racial, como de religião ou gênero. Um primeiro passo seria desnaturalizar um olhar pelo que está posto e conhecer nossa história enquanto povo brasileiro. Para discutir diversidade, é necessário discutir desigualdade. Que este triste episódio promova reflexões acerca da vida. De a vida ser um direito a todos.
Maria Cecília Santos Netto Ferlini – Diretora Executiva do IEPP
Anie Stürmer – Diretora Adjunta I
Lívia Kern de Castro Teitelbaum – Diretora Adjunta II