por Renata Rossetti (Psicóloga e Sócia Aspirante do IEPP)
Ao pensar no suicídio, penso na imagem de uma lâmpada piscando em um quarto.
Uma pessoa que comete suicídio, sofre. Ela pode trabalhar, estudar, namorar, sair com os amigos e mesmo assim ter um acúmulo de sentimentos incompreendidos, que se acumulam dia após dia. Para a pessoa se matar, não é necessário ser aquela que não sai de casa, que não se relaciona. E é por isso que o suicídio precisa ser debatido, ser falado. Sempre.
É preciso disseminar a terapia aos quatro ventos. Uma pessoa em processo psicoterápico tem a oportunidade de compreender as suas dores, de aprender a lidar com as frustrações do mundo, de (re)significar seu passado e (re)construir o seu futuro. Ela tem a oportunidade de descobrir outros caminhos e de se permitir ter quantas novas chances ela precisar.
Pensar o suicídio como uma lâmpada piscando num quarto, significa ver toda a força vital de uma pessoa se esvaindo. A lâmpada pisca, pisca e pisca, tenta permanecer acesa, mas chega um momento que ela apaga e o quarto escurece. Uma pessoa que tenta (ou comete) o suicídio, piscou muito até ali, gastou uma energia enorme. Mas já não era mais suficiente para manter o quarto aceso.
A prevenção do suicídio é como reparar nas lâmpadas para que seja possível trocá-las, antes que elas se apaguem de vez.