A Bela e a Fera não se trata somente de uma história de amor. Ela fala de transformações, de essência, de valores, de compreensão e de respeito às diferenças.
Bela é corajosa, sonhadora, inteligente, doce e dona de si. Encontra-se em meio a uma sociedade estagnada e machista, onde não se permite pensar, mudar, evoluir. É reconhecida apenas por sua beleza externa, porém chamada de estranha por estar sempre em busca de conhecimento e evolução.
Assim como na versão anterior, Bela torna-se prisioneira de uma Fera para salvar o pai, abdicando de seus desejos e sonhos. Em primeira instância, tudo o que consegue ver na Fera é um animal. Feio, grosseiro e arrogante. Ao longo da história, com a ajuda dos objetos falantes, eles se aproximam e Bela passa a perceber que pode existir bondade na Fera. Bela reconhece um mundo obscuro de sofrimento e solidão. Ao conhecer sua biblioteca, começa a perceber a imensidão do interior de Fera, tendo ele a chance de se mostrar à ela através do lúdico, dos livros e histórias. Dentre leituras, criam intimidade e ela descobre nele qualidades parecidas com as suas e diferenças que o tornam único. Fera possui dentro de si amor, sabedoria, compaixão. Juntos, eles escavam dentro da Fera, sentimentos que estavam adormecidos, que afloram novamente.
Além disso, nessa nova versão, eles fazem uma viagem, onde revisitam a história de Bela. Ele a ajuda a compreender fatos de seu passado, transformando seu presente e futuro. De alguma forma, Fera a ajuda a buscar sua própria identidade. Um olha para o outro e esse olhar os modifica para sempre. O vínculo criado entre eles, no entanto, é posto à prova. Fera precisa libertá-la. E deixá-la partir foi, justamente, o que a fez voltar.
por Lisiane Geremia e Renata Rosetti