Em tempos de pandemia e quarentena passamos a conviver com mais dúvidas e incertezas. Não sabemos o que acontecerá tanto no Brasil como no cenário internacional. Vivemos momentos de angústia ao lidarmos com o desconhecido e com tudo isso que, até poucos dias, nos parecia estranho e distante. Ao mesmo tempo em que o mundo “parou”, nossa vida continua, ou melhor, precisa continuar. As crianças seguem em pleno desenvolvimento: ativas, curiosas e, obviamente, inseridas neste contexto – do qual não temos todas as respostas, ou quase nenhuma delas.
Ao acompanharmos as orientações sobre como enfrentar esse período, vemos especialistas da área da saúde indicando que possamos seguir uma rotina adaptada, no que der, à realidade de permanecer em casa. Ou seja: ter hora para dormir, acordar e ocupar-se com tarefas continuas. Sim, é indicado rotina às crianças e recomendado evitar deixá-las o dia todo em frente à tv ou/e eletrônico. Mas venho aqui por outro motivo.
Venho aqui, sugerir para que a gente não pare de prestar atenção ao que sentimos e ao que, as crianças sentem, frente a tudo isso: a gangorra de emoções que nos habita das mais diversas formas. Mas como “permitir” sentir isto com as crianças em casa?
Digo aos pais/ mães/ responsáveis: não é preciso esconder o que sentem e nem ir em busca da resposta perfeita. Pois muitas vezes não teremos. Situá-las do que está acontecendo, com cuidado e de um jeito que possam entender, é algo que precisa ser considerado. A verdade, por mais dura que seja, traz alívio. Se não sabemos a resposta, acabamos de encontrá-la: não sei, filho(a).
Assim, o diálogo franco promove confiança e cria um espaço de escuta e um canal aberto: quando ele/ela desejar saber, eles se sentirão à vontade para perguntar.
Sendo assim, meu recado é: nada que vai para um extremo torna-se saudável. “Ocupar” as crianças, manter os horários regrados e distraí-los, tornam-se aspectos importantes desde que possa ser respeitada a disponibilidade de cada um: pais, cuidadores e da própria criança. Afinal, falamos tanto em “ dar limite” a eles..
Vamos nós considerar e respeitar os nossos…
Júlia Bugin – sócia graduada do IEPP, psicoterapeuta de crianças, adolescentes/ adultos e psicóloga escolar.